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Mostrando postagens de junho, 2010

Escrevendo histórias para reencantar a escola

Eu sei escrever. Escrevo cartas, bilhetes, lista de compras, composição escolar narrando o belo passeio à fazenda da vovó que nunca existiu porque ela era pobre como Jó. (Adélia Prado in Terra de Santa Cruz) “Não gosto dessa folha grande – toda branca. Vou ter que escrever tudo isso? Tem que escrever?” (fala de Gustavo – 10 anos – 3a etapa do 1o ciclo)                       Não é só o Gustavo que não gosta de grandes folhas em branco. Na escola, a língua como inescapável lei parece prevalecer sobre a linguagem e o desejo. (Zaccur, 2000, 122) E o nosso desejo, onde fica? Para onde vai? Em todos os tempos, famosos escritores e compositores passaram pelo tormento da “folha em branco”. Graciliano Ramos dizia que escrever dava muito trabalho e escrever romances era muito penoso. Ao refletir sobre a “escrita” e sua função social no Cotidiano Escolar percebemos o quanto nós, educadores, nos tornamos rígidos e autoritários ao cobrar de nossos alunos “a escrita infalível” que não “má seg

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É conhecido por desenvolver a teoria da relatividade. Recebeu o Nobel de Física de 1921, pela correta explicação do efeito fotoelétrico; no entanto, o prêmio só foi anunciado em 1922. O seu trabalho teórico possibilitou o desenvolvimento da energia atômica, apesar de não prever tal possibilidade. Devido à formulação da teoria da relatividade, Einstein tornou-se mundialmente famoso. Nos seus últimos anos, sua fama excedeu a de qualquer outro cientista na cultura popular: "Einstein" tornou-se  sinônimo de gênio. Foi eleito pela revista Time como a "Pessoa do Século". Frases de Einstein: "A imaginação é mais importante que a ciência, porque a ciência é limitada, ao passo que a imaginação abrange o mundo inteiro." "A imaginação é mais importante que o conhecimento." "A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original."

Contando histórias para reencantar a escola.

A literatura tem na voz o seu meio de expressão e transmissão oral e, na escrita, por sua vez _ à mão e em letra impressa _ a garantia da permanência das sucessivas fases de um labor tradicional contínuo que perpetua através dos séculos e ao mesmo tempo a renova em cada elo das múltiplas correntes que dele derivam. Assim é que o suporte físico do papel tem contribuído para a “permanência da voz”. Mas por outro lado, nem a representação escrita nem a icônica conseguem aprisionar a voz. Ao contrário, renovam-na continuamente, emprestando-lhe novas cores, novas perspectivas, abrem-lhe novos caminhos que cada contador sabe traçar com sua percepção de co-autor dessa produção oral. É essa multiplicidade de vozes e letras que torna o texto tradicional semanticamente denso e quanto à forma, representativo de uma diversidade multifacetada que se revela por meio de marcas temporais, espaciais e socioculturais distribuídas na sua constituição literária. Oralidade, literatura e alfabetização se

Sebastianistas e quixotescos na espiral da reinvenção.

-------------------------------------------------------------------------------- Com os tempos da escola.                Vivemos um tempo de ego-ísmos, de um voltar-se para um universo interior, muitas vezes estéril e carregado de tensões e contradições, estas que atravessam singularmente o drama da contemporaneidade ou ainda - de todos os tempos, se pensarmos o homem em sua ânsia de conhecer a vida e o que há nela de mistério, o homem amarrado a um mundo desconcertantemente desumanizado, pleno de angústias coletivas, de incertezas em face de um amanhã, marcado por guerras, medos e outras aflições universais. Sentindo-se comprimido, diminuído em sua essência, ao pensar que a técnica e a evolução das ciências o esmagam sob seu peso, o homem da atualidade, da sociedade da informação, torna-se ao mesmo tempo inventor e fugitivo dos (des)confortos que cria, fugindo da realidade única que julga conhecer. Vivemos um tempo no qual, como diria Eduardo Galeano, o individualismo torna-se i

Nossa língua portuguesa entre o poder e a liberdade.

               A língua é poder, está nas relações de poder: numa arena de conflitos(1). E é com o peso das leis que a padronizam que ela cai sobre os ombros dos professores. O que dizer do professor de língua portuguesa. Entre regras e limites, o que pode e o que não pode, o que é certo e o que é errado, a língua padrão torna-se a materna: ora mãe boa, ora mãe má. Nas andanças da vida, quem nunca ouviu esses dizeres: isto é um crime, isto é um insulto à língua portuguesa, à boa língua portuguesa! Em sala de aula, a língua oficializada pelo poder é também a madrasta dos contos de fada, recusando os filhos considerados ilegítimos: essa palavra que você está falando aí não existe.             Ora, a língua é um código, uma linguagem em sistemas, mas ela não está acabada, fechada, a não ser que esteja morta. Estando viva, a língua é um ato de criação ininterrupto, (re)invenção. E é experimentando aprendizagens com as outras pessoas, que nos tornamos possuidores de um saber lingüístico, d

Leitura Através...

-------------------------------------------------------------------------------- Artigo publicado na Página da Educação, Porto, Portugal: http://www.apagina.pt/Download/PAGINA/SM_Doc/Mid_2/Doc_10225/Doc/Página_10225.pdf Leitura... uma coleção indefinida de experiências irredutíveis umas às outras. Roger Chartier Ler é sempre um encontro enigmático e labiríntico com o(s) outros(s). Por isso está na sutileza da palavra, está na riqueza dos significados. Goethe dizia que ler é a arte de desatar nós cegos. Podemos pensar a frase de Goethe num contexto polissêmico em que nós cegos podem ser os nós difíceis da vida, os nós da garganta, os nós pelo corpo; ou ainda podemos pensar em nós cegos a partir de algumas cegueiras que desenvolvemos em relação ao mundo que vivemos. Ler não é apenas decodificar os códigos da língua. É também desfazer os nós cegos de uma não compreensão sobre isto ou aquilo. É poder enxergar no fora o que vai por dentro ou vice-versa. Podemos experimentar a vid

A leitura lúdica é um jogo, é uma brincadeira...

"O verbo ler não suporta o imperativo" Daniel Pennac Para Morshida (1997) , o jogo que tinha a função de desenvolver fantasias, com caráter de gratuidade, é, atualmente, canalizado para uma visão de eficiência, visando à formação do "grande homem de amanhã", e torna-se, em decorrência disso, "pago". A especialização excessiva dos "brinquedos educativos", dirigidos ao ensino de conteúdos específicos, está retirando o jogo de sua área natural, eliminando o prazer, a alegria e a gratuidade, ingredientes indispensáveis à conduta lúdica. É na interação com os outros que se desenvolve uma aprendizagem fundante com a comunidade, seja através da estrutura da linguagem, da música, da arte, dos jogos e brincadeiras e de toda uma história coletiva, que também são essenciais para o desenvolvimento cognitivo de todas as crianças. É através também da compreensão de todos esses elementos culturais reunidos que começamos a apreciar o sentido complexo do des

Brincadeiras Cantadas

"Disciplina é liberdade." (Renato Russo) Poema: A INFÂNCIA E AS “CEM LINGUAGENS” A criança é feita de cem... A criança tem cem linguagens (e depois cem cem cem) mas roubam-lhe noventa e nove. A escola e a cultura lhe separam a cabeça do corpo... Dizem-lhe enfim: Que o cem não existe. A criança diz: Ao contrário o cem existe. (Loris Malaguzzi) Quando as crianças brincam de aprender ou se expressam com liberdade, o artista aparece. Vejam o vídeo e comentem, trazendo contribuições ou outros exemplos. Patricia Porto

Arte-Educação: Cantigas de roda.

1 - O sapo não lava o pé (Cantiga Popular) Ia passando Numa pinguelinha Meu chinelinho Caiu do pé Os peixinhos reclamaram: Que cheirinho de chulé O sapo não lava o pé Não lava porque não quer ele mora lá na lagoa Não lava o pé Porque não quer Mas que chulé !! 2 - O sapo não lava o pé (versão atual) O sapo não lava o pé Não lava porque não quer ele mora lá na lagoa Não lava o pé Porque não quer Mas que chulé !! A sapa na lava a pa... Qual o papel da cantiga de roda no ensino-aprendizagem de crianças pequenas? Por que programas infantis modernos, que passam em canais abertos e fechados da televisão brasileira, investem e financiam pesquisas com músicas do folclore infantil? Certamente o pesquisador de alfabetização e letramento deverá estar atento para isso, para o que realmente acontece no mundo da criança pequena.  Algumas correntes chegam mesmo a condenar o uso desse material lúdico nas aulas de alfabetização, justicando que essas canções seriam simpl