Definição da Dislexia |
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http://www.dislexia.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=70&Itemid=72
Depoimento
Respondendo uma pergunta de uma de minhas alunas de
Didática:
Como funciona a sua mente?
Uma parte dela (importante): Dislexica mente. Alguns
exemplos concretos: nunca tenho um só interesse, tenho múltiplos interesses
sempre – sempre rsrs. Não me concentro em apenas um foco, vejo num objeto
muitas possibilidades de criação, de ponto de vista, de diálogo - o que pode
criar (e sempre cria) uma tempestade mental. Eu penso muito e penso por imagens, escrevo
por imagens, preciso ler em voz alta o que escrevo - sempre. Aprendo muito mais
ouvindo que lendo, embora aprenda muito lendo. Então leio livros imensos em voz
alta para mim mesma rsrs Fui alfabetizada
aos dez, onze anos de idade “por sorte”, alguém percebeu que havia algo errado,
uma professora de português, Teresa, que tinha interesse em alfabetização de
crianças com dificuldades de aprendizagem. E notou que havia uma contradição no
meu ritmo. Eu escrevia muito, gostava de
escrever e o que eu escrevia era ilegível. rsrs Posso rir hoje disso. Mas na época eu
era motivo de risada dos outros. O que me causou uma tremenda baixa autoestima -
que carrego comigo. Passou a ser um defeito crônico. Por isso não suporto
(mesmo) qualquer tipo de competição. Eu já entro querendo perder. Mas essas são
consequências de certo atraso do diagnóstico misturado aos outros traumas de
infância.
Uma questão séria: não conseguir
associar fonema ao grafema e vice-versa. Uma vez fui tentar explicar a uma professora
de pós e ela me disse: “fala português, professora!”. rs Eu não pensava estar
sendo arrogante com palavras como grafema e fonema, porque elas fizeram parte
da minha vida desde da minha infância com a fono, a fonoaudióloga. Eu via nos
textos uma sopa de letrinhas flutuando na superfície. Existia um B que eu via/lia D, um T que eu lia
V. E cheguei a levar puxão de orelha de
professora-tia que achava que eu estava debochando, então eu fui aprendendo
truques de guardar de memória auditiva a palavra que ela queria que eu lesse,
mas eu continuava sem saber. Interessante,
não? Na fala eu também trocava, falava “poda” ao invés de “bota”, “cato” ao
invés de “gato”, tenho até hoje dificuldade com determinados encontros
consonantais (falando o português, professora): dr, tr, br... Meu nome, por
exemplo, PaTRicia, era um dificuldade rs
Logo
o Pat resolveu a questão, eu tenho uma imagem muito bacana dele.
Ainda lido com algumas palavras-gatilhos que me
causam desorientação, não consigo visualizá-las, então recorro ao método de
aproximação semântica, por isso tornei-me uma excelente aluna em latim, funciona
como se as palavras fossem jogos de encaixe - legos, quanto mais eu conheço a
origem, os mecanismos da palavra, melhor
eu lido com esses encaixes mentais, menos eu troco as sílabas de lugar.
A dislexia não está relacionada
só a questão de leitura-escrita, ela pode ser mais ampla e atingir outras
questões. No meu caso, não consegui aprender a dirigir, foram dez tentativas,
dez – contadas. rs Ainda não encontrei uma
autoescola que tivesse esse tipo serviço especializado. Não tenho sentido nenhum de direção, não
guardo caminhos, não sei o que é direita e esquerda. E não adianta dizer que é
a mão do relógio ou a mão que eu escrevo rsrsrsrs, eu não sei qual é mão
do relógio nem a mão que eu escrevo. Problemas com lateralidade. Eu tenho uma
questão também motora, a minha grafia muda constantemente (os professores achavam
que eu fazia de propósito rs), tenho
zero de habilidade pra desenho e pintura, eu me atrapalho. Na escola de freiras
que estudei era um suplício, tinha que fazer potinho com florzinha, cabide de
rendinha, porta retrato com estampa... Era um terrorismo! Eu tinha crises de
choro quando tinha que cumprir obrigatoriamente esse tipo de tarefa. Em
contrapartida, eu dançava horrores rsrs E Aprendi todo tipo de dança (balé,
dança contemporânea, samba, danças folclóricas) e ainda aprendo com enorme
facilidade. Meus pés então me compensam.
A ansiedade também é um gatilho. O medo é outro.
Escola sempre foi um lugar de tortura pra mim. Infelizmente. Até hoje aprendo
melhor sozinha - com intervenções, é claro. Por isso penso que a EAD, a Educação à Distância seja um
excelente método para pessoas como eu – com esse tipo de dificuldade. Hoje penso em fazer outra graduação dessa
forma. Se eu pudesse voltar no tempo não faria presencial. Foi um longo
desastre de sete anos e meio. Com um final até legal.
Com o tempo aprendi a controlar
boa parte dos sintomas. Agora mesmo, enquanto escrevo, estou falando em voz
alta. Também aprendi uma “super correção”.
Eu volto muitas vezes ao que eu escrevo,
volto e vejo, volto e vejo... Claro, que passam erros que caiem na impossibilidade
de ver. Mas não gosto de photoshop.
Aprendi a conviver e até mesmo gostar dos meus erros, eles me trazem de volta
também para quem eu sou. Não posso esquecer quem eu sou e o quanto eu superei, e
transgredi pra chegar aonde eu cheguei. E isso é importante para o disléxico, o
exercício do autorreconhecimento.
Hoje quando digo que tenho
dislexia, as mesmas pessoas que antes ririam dos meus erros riem de descrença,
como se uma pessoa disléxica não pudesse ter os resultados acadêmicos que eu
obtive. São os mesmos preconceituosos de sempre, desde cedo aprendi que eles
estão aí e provavelmente não vão mudar.
Outra coisa: a minha organização
de escrita na folha é completamente distinta, eu escrevo numa outra ordem que não
é a esperada pelas pessoas. O computador me ajudou muito. É muito melhor que qualquer
caneta, lápis... E eu espero que as crianças que tenham essa dificuldade aprendam
em sala de aula com computadores, com notebooks. Faz uma grande diferença. É uma excelente ferramenta que ainda ajuda a
melhorar a autoestima.
Pra terminar: filmes,
documentários, vídeos... Aprendo demais com eles. Acredito que a maioria dos disléxicos também.
Importante na hora de passar um vídeo, deixar a legenda, mesmo que seja na
língua portuguesa. Eu sempre vejo filme
brasileiro com legenda. rs
E tenho - acho que todo disléxico
tem, até por pensar por imagens, uma imaginação incrível!
Acho que respondi um pouco.
Observação: o texto acima foi revisado disléxica mente...
rs
Patrícia Porto
Pra conhecer mais:
http://dislexia.paginas.sapo.pt
http://www.dislexia.org.br/
http://www.andislexia.org.br/
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ATUAÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO NA DISLEXIA
DISLEXIA:
É uma dificuldade primária da aprendizagem que abrange: leitura, escrita e soletração ou uma combinação de duas ou três dessas dificuldades.
A criança geralmente herda a dislexia, portanto ela pode ter algum parente, pai, avó ou tio que também são disléxicos. A dislexia é mais comum em crianças, mas é possível encontrar esse distúrbio em adultos. Acomete tanto meninos como meninas.
As crianças disléxicas não são menos inteligentes, aliás muitas delas apresentam um grau de inteligência normal ou até superior ao da maioria da população.
A deficiência não pode ser encarada como motivo de vergonha, pois há diversos casos de pessoas bem sucedidas que sofrem com a dislexia como por exemplo, Tom Cruise (ator), Agatha Christie (escritora), Thomas Edison (inventor), entre outros.
Pré dislexia – Para pais Atentos.
Ainda na pré escola existem alguns sinais que podem nos revelar uma pré dislexia. A criança geralmente apresenta aquisição tardia da fala, pronúncia constantemente errada de algumas palavras, dificuldade em aprender cores, números, copiar seu próprio nome, aprender formas geométricas, dificuldades em recortar, dar laços, desenhar, distúrbio do sono, dificuldade em entender o que está ouvindo, etc. A criança costuma ser esquecida e não tem uma boa noção de sequência inclusive temporal.
Essa fase da pré dislexia é a fase mais importante para que se comece a intervenção (tratamento).
O trabalho de Prevenção pode ser feito ainda na primeira infância quando os pais ou professores estiverem atentos aos sinais de alerta. ATENÇÃO: Os sintomas que podem indicar a dislexia, antes de um diagnóstico multidisciplinar, só indicam um distúrbio de aprendizagem, os sintomas não confirmam a dislexia. Somente um profissional capacitado poderá diagnosticar a dislexia. A terapia precoce proporciona os melhores resultados! Se for necessário o fonoaudiólogo o encaminhará a outros profissionais incluindo Psicólogo, Neurologista, Oftalmologista e outros profissionais conforme o caso.
Sendo o Fonoaudiólogo considerado o profissional mais capacitado para o tratamento de um disléxico, o Profissional baseará em reforçar todas as habilidades linguísticas, focando na relação fonema e grafema, na associação do som-símbolo-produção, e no jogo com a estrutura das palavras e entre outros...
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