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Adoção, Doação em Ação... Transformação.

Ela nasceu no interior da Paraíba e tinha uns olhos gigantes, de um verde contrastante com a terra seca do sertão. Corpo de recém-nascido e já maltratado pela seca e pela fome, pesava cerca de três quilos aos sete meses de vida. Desenganada pela sorte, desnutrida, castigada pela natureza e pela desnatureza social que aparta os excluídos, foi assim que um dia chegou às nossas vidas. Não tinha roupa, não tinha certidão de nascimento, não tinha um nome sequer... Chegou num ônibus da Itapemirim com outros retirantes, retirados, desnutridos, refugiados de uma guerra sem fim contra a miséria e o abandono. Chegou à nossa casa usando um saco plástico como fralda. Deixada para morrer pelo desengano da vida, chegou abandonada como tantas outras crianças, filhas e filhos do mesmo destino de nascimento e que por teimosia de uma força inexplicável, sobrevivem aos sacos jogados ao lixo, aos córregos e rios; crianças, bebês por vezes deixados, lançados pelas mãos daqueles dos quais se esperariam

"Hereros": Exposição de fotos de Sergio Guerra, no Museu Afro Brasil.

                 No Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes exposição de fotos Hereros-Angola traz imagens do brasileiro Sergio Guerra, no Museu Afro Brasil. São 100 fotos com a curadoria de Emanoel Araujo, revelando o modo de vida e as tradições do povo angolano (Hereros). O Museu Afro Brasil, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, fica no Parque do Ibirapuera, Portão 10, telefone: 11.3320.8900 – www.museuafrobrasil.org.br

Por ser criança.

Imagem: Henri Cartier-Bresson                        (Bartolomeu Campos de Queirós)                Por ser ainda criança, também seu olhar é jovem. E por ser criança, ela tem a fantasia como instrumento para explicar o mundo. E com desmedo da liberdade, guiada pela espontaneidade, ela invade tudo que seu olhar alcança sem duvidar de seu entendimento. A fantasia é sua verdade. Mas não é fácil ser criança. O mundo é muito vasto e a vida, muito pequena. Há ilimitadas coisas para suspeitar e muitas para adivinhar. As cores trocam de nuances, as nuvens se movem sempre, os sons trocam de tons, o dia se faz noite, as estrelas dormem com a luz do sol, as chuvas caem do nada, a curiosidade pela língua dos animais, o trajeto incontrolável do tempo e o vazio vão até o muito longe. E o mais difícil em ser criança é desentender o porquê da dor, desconhecer onde a boca busca o sorriso, porque a lágrima é de sal, não saber o percurso do mundo, onde vivia o sonho antes de ser sonhado, e quem de

O discurso oral e as possibilidades de diálogo entre Literatura e História.

(Trechos do Livro: Narrativas Memorialísticas por uma arte docente na Escolarização da Literatura) Patrícia de Cássia Pereira Porto A literatura é vida e a história foi vida real no tempo em que não era história. ...tudo quanto não for vida, é literatura. A história também. A história, sobretudo, sem querer ofender. (José Saramago - História do Cerco de Lisboa)             João do Rio, grande cronista carioca do início do século XX, costumava trazer para as suas crônicas, personagens reais. Era de seu costume como um bom flâneur, andar pelas ruas do Centro da cidade do Rio de Janeiro, observando os transeuntes, os trabalhadores de rua: os ambulantes, os homens-sanduíches, as prostitutas, os malandros da Lapa, os artistas da noite:              Eu amo a rua. Esse sentimento e natureza toda íntima não vos seria revelado por mim se não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado é partilhado por todos vós. Nós somos irmãos, nós nos

O luto e a luta contra novos preconceitos.

                          Depois da tragédia abominável ocorrida na Escola Tasso da Silveira, em Realengo, vários canais de televisão começaram a traçar – com ajuda de vários especialistas – um provável perfil de Wellington, que matou cruelmente e friamente doze crianças e feriu mais doze. Nas mesas de debate, algumas teclas tem sido insistentemente batidas e dizem respeito às caracteristicas desse perfil, como “esquisito”, “estranho”, “muito tímido”, “reservado”, ter sofrido bullying na escola, ser adotado, ler sobre o Islã, ser filho de "uma doente mental" etc. “Em quatro anos não ouvi mais de três palavras, frases, ditas por ele”, “vinha do trabalho pra casa e ficava no computador”, “era isolado”... Pergunto então: quantas pessoas com duas, três, quatro características deste perfil você conhece ou conheceu? Eu estou incluída no mínimo em quatro dessas características. Trabalho com crianças há mais de quinze anos. Deveriam começar a me vigiar, pois talvez eu seja uma louca

Um trato amoroso contra a pedagogia da “palmatória verbal”.

Há bons anos passados, quando fazia uma pesquisa para a minha dissertação de mestrado, colhendo relatos de professores – ainda que de forma confusa, me deparei com esta expressão bastante peculiar: “(...)então eu uso a palmatória verbal”. Nenhuma pretensão aqui de colocar em análise a fala apartada de seu contexto original, pois seria algo, no mínimo, leviano. Porém a expressão, a força que trafega nela, é como a própria violência em forma de signo e, certamente, merece não apenas esta reflexão, mas outras mais consistentes. Mas se me aventuro por ora na compreensão do termo, creio que seja preciso certo despudor com as palavras, principalmente no que diz respeito a uma situação ontológica, aquela que revela em imagem, a criação e a manipulação do signo. Para tentar compreender uma metáfora é preciso adentrar nos interditos da linguagem, talvez criando com ela uma nova consciência. Assim uma imagem, ainda turva, e que surge de uma expressão como “palmatória verbal”, pode vir a desenc

Eventos do Dia Mundial de Conscientização do Autismo 2011

Eventos do Dia Mundial de Conscientização do Autismo 2011 Para download: http://www.revistaautismo.com.br/revistaautismo0.pdf