Pular para o conteúdo principal

Literatura Infantil e O Politicamente Incorreto.

Super Dica: QUEM SOLTOU O PUM? 
De Blandina Franco e José Carlos Lollo, Companhia das Letrinhas. 


              
                 Por que as crianças adoram o Pum, o Vômito e outras excreções não tão mais bem-vindas pelos adultos? Talvez porque as crianças embora não conheçam Rabelais, Rabelais sim conhecia muito do universo carnavalesco que habita o repertório humano do riso, do escracho - tão bem quanto as crianças



Texto de Luciana Stabile.

               "João Vitor tem 4 anos de idade e ainda não fala direito. Ele teve um probleminha quando nasceu e vai precisar de alguns cuidados especiais com a educação. Mas nada disso importa enquanto o garoto segura forte seu exemplar de Quem Soltou o Pum(Companhia das Letras), de Blandina Franco e José Carlos Lollo.
            Ele ainda vai demorar para aprender a ler, mas João olha as ilustrações do Pum com curiosidade, dá risada e pede para que eu, tia dele, leia esse livro mais de 15 vezes durante um fim de semana juntos. E eu leio. E ele presta atenção.
               A história é simples. O simpático e travesso cachorro Pum bagunça a vida de uma família correndo de um lado para o outro. É Pum para lá e Pum para cá. As crianças adoram e, aparentemente, os papais também. O livro foi o terceiro mais vendido da editora durante a Bienal do Rio de Janeiro, e desde que foi lançado alcançou a tiragem de 12 mil exemplares. Também é o primeiro título da Cia das Letrinhas para o tablet.
           O sucesso pegou a autora, Blandina Franco, de surpresa. “Meu marido é o ilustrador. Quando a gente namorava, conversava muito sobre essa história. Mas ela ficou um tempão guardada na gaveta, até que um dia resolvi passar para algumas editoras”, conta. Pergunto se ela tem um cachorro e se ele chama Pum. “Eu tinha um cachorro, o Ênio, e ele soltava pum como todos os cachorros, mas o livro foi uma brincadeira minha e do Lollo mesmo”.
                       E brincadeira é o que é. “O livro é para as crianças se divertirem. Eu procuro leveza, não uma mensagem. Quando está se divertindo, a criança se comunica mais fácil. Acho o conto de fadas importante para os pequenos resolverem algumas questões, mas minha idéia é diversão. E, para mim, o politicamente correto é chato”, explica a autora, mãe de três.
                 A terapeuta infantil Mara Regina Cássia concorda. “Os livros infantis politicamente incorretos são muito bacanas porque alegram as crianças e tiram as máscaras que as princesas são perfeitas, por exemplo. Ela está mencionando Até as Princesas Soltam Pum (Brinque-Book), de Ilan Brenman. “Quando o modelo de perfeição cai, tudo fica mais humano”, explica.
                        A diretora da escola infantil Miniatura, Carmen Rahal vai além. Não só ela tem livros politicamente incorretos na instituição, como bate o pé quando o assunto é mudar canções infantis tradicionais. Quando pequena tinha o ‘atirei o pau no gato, mas o gato não morreu’. Hoje em dia, a grande maioria das escolas vem mudando as letras da minha infância para adequá-las ao politicamente correto. ‘Não atire o pau no gato, porque isso não se faz, o bichano é nosso amigo, não devemos maltratar os animais’”, diz a nova letra.
                    “Não é uma letra assim que vai transformar a criança em delinquente. Isso não está na música, mas nos valores que vêm de casa”, afirma a diretora. “Essa canção faz parte da cultura da nossa terra”. Em relação aos livros para crianças, ela explica que é assistida por um time de psicólogos que aprovam suas escolhas. “A escola tem a fábula, mas também recebe a literatura moderna. O que é importante é que os livros, mesmo os politicamente incorretos, sejam adequados à faixa etária correspondente”, finaliza.
                  Bernardo Pietro, de 2 anos e 6 meses, agradece. No colo do pai ele finge ler Ceci Tem Pipi (Companhia das Letrinhas), de Thierry Lenain. E me contam que quando a irmã nasceu, sua primeira reação quando ela veio para casa foi procurar o seu pipi."



Vídeo com a minha filha Luíza cantando "Tomatinho vermelho na estrada..." Por que em pleno século XXI o cancioneiro infantil do politicamente incorreto continua fazendo tanto sucesso no Letramento das crianças? Questão que eu me faço.



Cancioneiro Popular Infantil:

Tomatinho vermelho na estrada,
veio um caminhão grandão e o tomatinho atropelou......
coitadinho do tomatinho............. pobrezinho do tomatinho
catchup virou
catchup virou

Tomatinho vermelho pela estrada rolou,
um grande caminhão veio e o tomatinho esmagou......
coitadinho do tomatinho............. pobrezinho do tomatinho
catchup virou
catchup virou



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Educação Infantil e Narrativa: Mitã, Documentário, 52 min.

Mitã.  A criança brasileira. O ser humano em sua dimensão criadora transcende o tempo despertando para as possibilidades de um "Mundo Novo".  Uma poética da infância inspirada por Fernando Pessoa, Agostinho da Silva e Lydia Hortélio, trazendo importantes ideias sobre educação, natureza, espiritualidade e a Cultura da Criança. Duração: 52 minutos Ano de lançamento: 2013 (Brasil) Direção: Lia Mattos e Alexandre Basso O documentário MITÃ é uma produção do Espaço Imaginário com direção de Alexandre Basso e Lia Mattos e transita no universo da infância de forma poética e profunda, trazendo referências universais sobre temas como educação, espiritualidade, tradição e cultura dos povos. Mitã significa criança, na língua guarani. A partir do contato da equipe com as crianças indígenas de Mato Grosso do Sul e com os anciões da Aldeia Amambai, que compartilham no filme um pouco das suas crenças e formas de ver a Infância, surgiu a inspiração para o título

Começa em Mar - Uma leitura

É intensa e infinita a infância, rua de onde não se sai de todo.  Nublagem feito sombra que entranha, quase víscera.  Da infância ninguém se recupera  totalmente.  (Começa em Mar, p 132) Não costumo chamar de resenha o que se faz de forma tão intimista e confessional. Acredito que seria melhor chamar de leitura ou carta, uma carta que envio para a escritora de um certo além-mar, autora de um dedilhar poético que comunga exílios com memórias de sal, as que nos noticiam da nossa própria formação identitária. Na minha leitura que começa antes do livro, o Mar, ou melhor, a Mar começou por um encontro entre Porto e Mar-anha. Porque o Porto se encontra é no Mar. E o primeiro contato com Vanessa Maranha se deu através do Mar, das águas e da ilha. Eu tinha feito um comentário no grupo do "Mulherio das Letras" - sobre a nossa líquida forma de existência e insistência em ser mulher, de como nós nos fazíamos de líquidos, liquefeitas das águas que marcavam nossos ciclos

Projeto Político Pedagógico: Escola da Ponte, Porto, Portugal.

Projeto A Escola Básica da Ponte situa-se em S. Tomé de Negrelos, concelho de Santo Tirso, distrito do Porto. A Escola Básica da Ponte é uma escola com práticas educativas que se afastam do modelo tradicional. Está organizada segundo uma lógica de projeto e de equipa, estruturando-se a partir das interações entre os seus membros. A sua estrutura organizativa, desde o espaço, ao tempo e ao modo de aprender exige uma maior participação dos alunos tendo como intencionalidade a participação efetiva destes em conjunto com os orientadores educativos, no planeamento das atividades, na sua aprendizagem e na avaliação. Não existem salas de aula, no sentido tradicional, mas sim espaços de trabalho, onde são disponibilizados diversos recursos, como: livros, dicionários, gramáticas, internet, vídeos… ou seja, várias fontes de conhecimento. Este projeto, assente em valores como a Solidariedade e a Democraticidade, orienta-se por vários princípios que levaram à criação de uma gr