Todos nós já fomos crianças. É é certo que muitos se esqueçam disso. Tem muita gente mesmo que não quer entrar em contato com o registro interno da própria infância. Tanto que quando vi a mudança das fotos nos perfis do facebook achei uma bonita ideia. Boas ideias se copiam, se multiplicam. Assim como as ideias idiotas também. E é claro que as idiotas prevalecem. O facebook está cheio dos dois exemplos. É uma rede.
Mas fico pensando: as crianças hoje são super fotografadas, cada suspiro um flash. Mas havia um tempo - não tão distante - que a imagem era algo quase raro. Eu, p. ex., não tenho quase fotos da minha infância, o que passava pela questão de classe social.
Cuidando mais do que me afeta hoje, gosto imensamente de olhar as poucas fotografias que tenho dessa infância e isso porque lembro que fui aquela menina que agora corre, dentro de mim, naquela terra de chão da minha terra de vida. Fico compadecida pelos que não podem abraçar a sua criança, acalentá-la e alimentá-la de novas esperanças de mundo. Extrair esse sangue novo para bater no coração velho. Lembro Bachelard.
Minha infância tinha muita terra, muito mar e cheiro de sal. Terra, Mar e Sal são a minha trindade poética. Se fecho os olhos, onde estiver, sempre alcanço o Mar. Posso sentir cheiro de sal no ar dos meus pulmões e fartar minha saudade.
Minha infância é o cheiro de alfazema da minha avó, os bichos que habitavam a nossa casa. Minha infância é rede, a outra, de preguiçar. Eu tive quintal, eu catava bichinhos com as mãos, eu me sujava de lama, eu nadava em rio e em mar, um do lado do outro. Eu tive o sítio de seu Zoca cheio de árvores e frutas gostosas, frutas que lambuzavam a cara da gente. A gente era assim todo cheiro da fruta, fruto da fruta. Seu Zoca sempre fingia ralhar com a gente. E a gente esperava uma pisa que nunca veio. Seu Zoca fazia chamego na mulher e a gente ficava espiando. Era bom de espiar. A gente, a gente... A minha infância é a gente. Eu tive brincadeira de elástico, bambolê e bola. Construía geringonças com os primos e fazia muita, muita arte. A minha infância é arte. A minha infância é imagem.
Minha infância é o cheiro de alfazema da minha avó, os bichos que habitavam a nossa casa. Minha infância é rede, a outra, de preguiçar. Eu tive quintal, eu catava bichinhos com as mãos, eu me sujava de lama, eu nadava em rio e em mar, um do lado do outro. Eu tive o sítio de seu Zoca cheio de árvores e frutas gostosas, frutas que lambuzavam a cara da gente. A gente era assim todo cheiro da fruta, fruto da fruta. Seu Zoca sempre fingia ralhar com a gente. E a gente esperava uma pisa que nunca veio. Seu Zoca fazia chamego na mulher e a gente ficava espiando. Era bom de espiar. A gente, a gente... A minha infância é a gente. Eu tive brincadeira de elástico, bambolê e bola. Construía geringonças com os primos e fazia muita, muita arte. A minha infância é arte. A minha infância é imagem.
Dessas fotos que vi no face, fiquei curiosa e encantada com muitas. E para minha surpresa, uma pessoa - muito muito séria, colocou uma foto de infância e era a de uma criança gargalhando. rs Nossa, foi uma bela descoberta! E vi e li pessoas comentando com carinho e humor. Se a infância se tornar um viral, pois sim, ficarei feliz. Bem melhor que a indiferença.
Sabe... Shakespeare foi criança, Jorge Amado, Dalai Lama, São Francisco, Mandela, Gandhi, Made Tereza de Calcutá, Stalin, Che Guevara, Fidel, Pedro Alvares Cabral, todos, todos... Como na letra do poeta Arnaldo Antunes: "Saiba". Saiba...
A infância não deveria ser somente um lugar de passagem, mas um lugar de sonhos, de recordo presente. Toda noite ao deitar voltaríamos pra ela naquilo que nos fez feliz, gargalhando. Ao acordar, o adulto poderia trazer um pouco de riso numas das mãos e um tanto de leveza na outra.
Patrícia Porto
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