Para atravessar pontes, Pedro, é preciso pousar o coração com cuidado, pois do outro lado há sempre vida a ser preservada e aquela rua, a outra e mais a outra guardam tantas histórias e amores inacabados e as cidades todas elas têm alma! E para atravessar pontes, meu filho, pontes de concreto e chão, é preciso erguer-se com os braços trazendo-os para o centro e como numa canção de aconchego abraçar a si mesmo se estiver sozinho e confuso. As certezas vão ficando menores e sendo menores vão ficando melhores. Quase incertezas... Não há mais bicho papão e se pode dormir seguro no escuro do medo. Sabe, Pedro, poderemos atravessar pontes sem temer cair no abismo – do passado ou do futuro, pois para atravessar pontes é preciso conhecer o sensível de si, o simples, o pequeno do homem, e se compreender como as crianças: antes de saber tudo sempre perguntar "por quê?" Por quê? Por isso digo a você que para atravessar pontes volto para casa como volt
Literatura das Margens _ Literatura e Educação