Ilustração Liz Amini-Holmes. |
Muitas vezes meus leitores perguntam o que me inspirou para escrever tal
livro ou para criar tal personagem.
Quantas vezes já se disse, não é mesmo, que inspiração é sinônimo de
trabalho, e mais trabalho, e mais trabalho? Eu concordo. Mas, para começar
o meu trabalho, eu preciso de um estímulo que, feito um palito de fósforo,
risque a minha imaginação, produzindo a faísca e, em seguida, a chama
que vai clarear o caminho. É a partir desse risco que eu crio, que eu procuro
dar vida aos meus personagens e, se consigo, eles passam a dar vida aos
meus livros.
Várias vezes, artistas plásticos já riscaram a minha imaginação, incendiando
meu pensamento. Às vezes, brasileiros; às vezes, pertencentes a
outras culturas. Estou me lembrando agora que pelo menos três de meus
livros (A Casa da Madrinha, Corda Bamba e Retratos de Carolina)
tiveram, como ponto de partida, o estímulo criado por uma determinada
imagem. Outras vezes, o que estimula a minha imaginação vem de um
sonho-sonhado, um som-escutado, um encontro-acontecido, uma lembrança-
revivida. Mas acho que não importa quem ou o que vai riscar
nossa imaginação — desde que o risco nos ajude a criar.
A capacidade de criar mora dentro de cada um de nós. Quanto mais
uso a gente faz dela, mais ela nos surpreende, por nos mostrar o quanto
dependemos de criar para poder crescer.
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