Imagem: Sebastião Salgado, São Juan, 1979. Algumas experiências da minha infância marcaram definitivamente a minha trajetória discente e depois, por desejo e necessidade, as mesmas experiências me ajudaram a constituir a minha trajetória docente. Uma dessas experiências foi a de ser diagnosticada com dislexia aos dez anos idade. Lembro da irmã capuchinha, professora de português do Divina Pastora dizendo a minha avó num misto de pena e constrangimento: “_ O que acontece, dona Josefa, é que a sua neta tem apresentado muitos problemas na leitura, na escrita e na comunicação. E depois dos testes, das muitas avaliações que nós fizemos se pode afirmar que o que ela tem mesmo é dislexia.” Minha avó tampouco se abateu: “_ Irmã, isso faz o quê? Mata!?” “Não, não matava!” Foi o que a irmã respondeu a minha avó. Mas eu me lembro bem de sair da sala da diretora com um novo campo de palavras na cabeça, uma nova semântica: “leitura, escrita, timidez, não fala,
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